quinta-feira, 4 de novembro de 2010

I'm worried I'll forget your face

Escrito por Karen Lou. às quinta-feira, novembro 04, 2010
Era um domingo normal. Estava sentada no meu canto favorito do Central Park, embaixo da árvore, perto da ponte e lendo meu livro favorito  só que na versão original de J.K Rowling. 
Desde que você se foi aquele livro, ou melhor, aqueles livros, se tornaram minha unica maneira de lembrar de você. Tudo foi jogado fora, todas as mensagens e tudo o que me lembrava você teve que ser reciclado e transformado em forças pra aguentar sua ausência. 
 Tem sido longos anos desde nosso último contato e ainda sim não esqueço sua voz e mesmo não tendo os visto de perto, lembrar dos seus olhos ainda me fazia tremer dos pés a cabeça. Lembrar que ambos seguimos rumos diferentes me deixava triste, e lembrar que nada mais podia ser feito me deixava pior ainda. 
Lembra quando fizemos planos de morar em Manhattan ? Amávamos tanto Nova York e você ficava lindo com a blusa que dizia: I  NY que poderia ter um estoque dela em casa e eu nunca ia enjoar. 
 Foi naquele silêncio que só existia em minha cabeça que resolvi entrar em desespero mudo. Fechei o livro, apoiei minha cabeça na árvore e olhei em direção a ponte, desejando ser você o próximo a virar aquela esquina e para minha sorte, lá estava você, agora um homem de verdade, com seu casaco marrom estranho e seu cuturno velho que me agradava tanto quanto obras de arte famosas. Lá estava você sorrido e iluminando mais uma vez a minha vida, como nos velhos tempos. Lá estava você, mas quem era ela?
  Para minha surpresa, não era a pessoa que eu esperava ser, mas poderia ser um fruto dela.
A menina era tão linda, aparentava ter seus olhos e teu sorriso e você a olhava de modo tão diferente, acho que era um modo paterno. Vinham andando em minha direção então resolvi olhar mais de perto e me levantei. OH MEU DEUS, EU ESTAVA FICANDO LOUCA?
 Não, não era você. 
"Ele era só uma ilusão de ótica, sob a luz de aviso, ele estava perto, perto o suficiente pra ser seu fantasma. Me diga onde é seu esconderijo, estou preocupada em esquecer seu rosto e eu perguntei pra todo mundo. Estou começando a achar que te imaginei o tempo todo (...) 
Pude me ver com cara de decepcionada de longe, como se não fosse eu ali.
 Logo quis sair de lá, em desespero andei em passos curtos e acelerados para casa, não enxergava mais ninguém, eram todos apenas vultos quando de repente...
 Não podia estar enganada, agora era você.  
 Um homem alto e bem vestido de frente pro elevador aguardando-o, com aquela touca preta que já devia ter bolinhas de tão usada, e olhava pro alto com ansiedade pra ver a luz vermelha atingir o 'Downstairs'. Não perdi tempo e parei ao lado dele mas pra minha surpresa, não era você, mas um homem incrivelmente mais belo. Minha cabeça pareceu dar um giro de 360 graus e logo me veio um enjôo e vontade de correr, eu resisti. Apertei o meu andar e ele não se moveu ao meu lado. A luz o elevador fazia com que seus olhos ficassem mais claros, quase duas lagunas em uma face de um liso perfeito. A porta do elevador se abriu e eu resmunguei pois ia ter que deixa-lo para trás. Andei pelo corredor me arrastando até a porta de mogno que tinha um olho mágico e abaixo o número 703. Quando dei a primeira volta na fechadura, ouvi uma voz grave que vinha do corredor.

- Sra. Birk? é a senhora?- O lindo homem veio em minha direção balançando um envelope no ar.
- Sim, mas... quem é você?- eu disse com cara de panaca ainda admirando sua beleza.
- Sou Rodrigo Novais...hmm, você não deve me conhecer.
- Claro que conheço..- minha voz aumentou umas oitavas e tive que pigarrear pra voltar ao normal. Era o irmão dele, o irmão mais velho. Nunca tinha visto antes e, nossa! nunca o imaginei tão lindo. Ele abriu um sorriso mais perfeito do que o que eu ja conhecia. Era impressionante! 
- Trago notícias do meu irmão, eu vim morar aqui devido ao trabalho e ele me mandou te entregar isso aqui.- me entregou o envelope.
- Entra, vamos tomar um chá. - estava disposta a implorar se ele resistisse ao primeiro convite.
 Entramos no meu apartamento e me senti envergonhada pela bagunça. Ele se sentou antes que eu convidasse e me sentei ao lado dele abrindo o envelope depressa.

 " Minha querida,
Sinto não estar ai pra te dizer isso pessoalmente, mas acho até que foi melhor assim.
 Estou feliz e gostaria que soubesse, estou vivendo no Arizona  -Mas pera aí. Ele não odiava o Arizona?- com minha família. Madeleinne e Isabell são minhas filhas gêmeas e gostaria que você pudesse conhece-las. Acho que algumas coisas entre nós ficaram mal resolvidas mas infelizmente vão ter de permanecer assim. Peço que não sofra por mim pois sei que esta sofrendo porque caso não se lembre, ainda posso te sentir.
 Espero que se de bem com meu irmão mais velho, ele poderá me substituir quando você tiver um de seus ataques ou quando precisar organizar sua casa (não duvido que ela esteja uma bagunça). Não me procure meu amor, isso será ruim para nós dois. 
Seja feliz, termine seus projetos e faça de mim apenas uma parte de sua vida que já esta arquivada. Deus sabe como eu te amei e você também deve saber, e deve compreender que agora é hora de me deixar partir. Procure não se relacionar mais com canalhas como aquele e procure sair um pouco de Manhattan.
 Com pesar digo que é o fim, mas a esperança de um dia te encontrar ainda mora em mim. 
 Beijos."


 Aquelas instruções eram típicas dele. Dizia pra esquece-lo mas me parecia que ele mesmo não queria isso. O que devo fazer agora?
Não tinha percebido, mas aquela pergunta foi um pensamento alto.

- Quer tomar uma cerveja? você parece mau, meu irmão é um covarde de abandonar alguém como você, aquele muleque...- disse Rodrigo passando o o braço pelo meu ombro.
Sem pensar me aninhei em seu colo e ele pareceu bastante confortavel também.

- Não. Vamos ficar aqui.- eu realmente queria ficar ali. Queria seguir a risca o que aquele homem tão amado me escreveu e pela primeira vez em tanto tempo me senti feliz.
Deitada ali com Rodrigo, o fim me pareceu mais um recomeço e eu estava disposta a ir até o novo fim.


- Texto inspirado na história de Barbara C. e seu amor platônico por TN. Com base na música Cornerstone do Arctic Monkeys - 
 

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