terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A sétima letra do alfabeto - part 1.

Escrito por Karen Lou. às terça-feira, dezembro 07, 2010
 Ainda lembro do nosso primeiro encontro.
Primeiro de tudo, você me viu aquela noite com minhas amigas e preferiu ficar de longe me observando e decidiu que eu ia ser sua próxima vítima. O que você não sabia é que eu era um alvo praticamente impossível, primeiro por estar namorando, segundo por que de mim você não sabia da missa o terço.
 Como qualquer um faria, ele me adicionou no messenger e por ali começamos a conversar todos os dias incansavelmente, ele me mandava poeminhas e coisinhas lindas pra tentar me conquistar da maneira mais fácil que existe e eu? fingia amar e achar aquilo algo totalmente incomum. Ele tinha a vantagem de já ter me visto mas eu tinha a vantagem de ser nova porém não ser tão ingênua quanto ele pensava.
 Alguns meses de conversa, resolvemos nos encontrar e óbvio que não existia lugar mais conveniente que o baile da escola. Lá estava ele, com toda sua beleza e suas palavras que encantariam a qualquer garota, e aquele sorriso de 'essa já e minha' que estava estampado em seu rosto estava prestes a desaparecer quando ele soubesse que eu na verdade não tinha caído no papinho de conquistador dele e eu adorava aquilo tudo. Enganar e fingir estar sendo enganada sempre foi meu forte. Nós dançamos e conversamos e é claro que a essa altura já tinha terminado meu namoro. Mas como eu disse acima 'beleza e palavras que encantariam qualquer garota' e ele encantou uma.
 Enquanto ele beijava a minha amiga sem parar, de olhos abertos me observava dançar com as outras pessoas de maneira descontraída, mas meu olhar não mudava de direção nem por um instante e eu de vez em quando sorria de maneira convidativa pra ele e o sorriso de retorno eram quase gritos de desejo.
 No final da festa eu fui até ele enquanto a minha amiga se despedia dos amigos dela, me aproximei olhando sempre em seus olhos e quando cheguei bem perto de um beijo, desviei pro seu ouvido:
 - Festa animada não?- eu disse em tom irônico
 - É, mas eu estava em dúvida se foi tão bom pra você quanto pra mim, acho que foi um empate né? - ele era tão irônico quanto eu. Eu amava esse jogo.
 - Empatados então? - ele disse com cara de que realmente estava em dúvida.
 - Um empate é muito sem sal pra alguém como eu e assim que der vou querer desempatar esse jogo e fique sabendo você que eu não aceito perder.- me aproximei mais ainda dele e dei um beijo de leve em sua bochecha, sai sorrindo e bebendo o que restava do meu ponche com o canudo colorido.
 Voltamos ao nosso mundo de Internet  e ele me confessou ainda estar saindo com a garota da festa, eu ri e disse que seria bem mais interessante agora. E óbvio que seria, quando ele chegasse ao ponto de não aguentar mais ficar sem mim eu usaria a garota da festa como argumento pra dizer 'não' afinal, ela era minha amiga, eu não faria isso com ela.
 Dois dias depois de usar tal argumento, ele a dispensou e disse que agora o caminho estaria livre, mas se formava um problema: Ele estava MESMO gostando de mim.
 Bom, o que eu poderia dizer? eu não queria me prender naquele momento e não queria iludi-lo, foi difícil explicar que só o que eu queria era amizade.
E fiz bem. Quem diria que poderia nascer dali uma amizade tão legal, né?
 Juntos. Éramos conhecidos nas ruas como irmãos , mas é claro que eu não contava as maiores intimidades a ele até porque ele deixava claro que ainda tinha interesse em mim.
 Meses depois, decidimos sair, um bar onde todos os nossos amigos iam estar.
Era minha chance de brincar, apesar de parecer cruel eu ainda queria terminar aquilo e ganhar. Eu comecei a dançar com ele, agarrei-o pela cintura e grudei minha testa na dele o encarei nos olhos com sorriso de quem ia aprontar uma.
 Dançando eu fechei os olhos e cheguei o mais perto dele possível, ele tentou me beijar a primeira vez, eu desviei para a sua orelha, mordi de leve e disse "Tenta outra vez", ele veio da segunda vez, eu mordi seu lábio inferior nem tão de leve e sorri, sorriso esse que o incentivava tentar a terceira vez. Na terceira vez, ele tentou com mais brutalidade, me apertou em seus braços então quando menos esperei, estávamos nós dois chamando mais a atenção do bar do que de a banda que tocava no palco. Terminei de beija-lo após uns 12 minutos...

- Há quanto tempo esperava por isso?- eu mais uma vez, irônica.
- Tempo o suficiente pra elaborar esse momento com perfeição.- ele disse sorrindo
- Bom, pode começar a se gabar, acho que você conseguiu.- ele precisava de um crédito, realmente ele me surpreendeu.
- Pode deixar que vou me gabar até você me beijar de novo pra eu poder parar
- E porque você acha que vou fazer isso?
- Porque posso ver nos seus olhos que você não vai resistir a mim tanto quanto da primeira vez.- Droga! ele estava certo.
 Depois disso, queria continuar a amizade mas ele não queria só isso.
Logo comecei um namoro e ele ficou com tanta raiva de mim que parou de falar comigo, eu me importei mas não dei a importância devida. Logo, ele também começou um namoro e foi ai que voltamos a nos falar normalmente, mas não como os 'irmãos' de antigamente.
 Estava tudo 'bem', até que percebi que ele me fazia mais falta do que eu imaginei. Mas o que era aquilo?
 Não demorou muito e eu tinha terminado o namoro até porque, aquela era minha especialidade. Nunca me prendia a ninguém por muito tempo.
 Fui até ele e contei toda a história, mas o que mais doeu foi ver que ele me tratou como amiga, uma simples amiga.
 E aquele sentimento dele, aquele 'amor' que ele dizia sentir? pra onde tinha ido?
E o pior de tudo é que eu tinha ferido a ele mas do que podia imaginar e só agora tinha percebido.
 Mas pra minha surpresa, dias depois o namoro dele tinha virado poeira e como previsto, estávamos nós dois juntos. Até que em uma linda noite de verão enquanto eu explicava minha teoria de vida extraterrestre que o fazia rir de chorar..

- É, eu ainda te amo. Na verdade, nunca deixei de amar. Tudo em você me faz feliz, cada mínimo detalhe. Amo o jeito que você me diverte e o jeito que você vê as coisas. Queria que a eternidade fosse o bastante pra satisfazer minha vontade de você.- Ele disse em tom sincero, não como ele falava as coisinhas bobinhas do inicio de tudo, ele falava sério.
 Não tinha mais o que dizer, eu o olhei nos olhos e me senti tão feliz que estremeci.
Deitei em seu colo e fiquei observando-o por longos minutos sem dizer nada e eu sabia que estava deixando ele louco com aquilo, afinal, ele queria ouvir alguma coisa.

- Acontece que eu também te amo.- não havia mais nada a ser dito, nos encaramos sorrindo abobados, ele passou a mão em meu cabelo e me beijou.

 Eram dias felizes, horas no telefone e mais algumas no messenger, tudo parecia perfeito.
Nos fins de semana íamos ao parque e comíamos besteiras ou então jogávamos videogame com os amigos acompanhado de uma bela pizza. Até que decidi tomar a iniciativa. Fazia um mês que estávamos ficando e eu queria mais que o simples 'ficar'.
 Ele estava lindo com aquela camisa polo preta e aquele moicano extremamente perfeito e liso que acompanhados do sorriso largo e dos olhos apertadinhos me faziam tremer.

- Então, foi incrível o quanto evolui nesses dias, e você me fez sentir algo realmente novo, nunca quis alguém por tanto tempo quanto quero você. Não sei exatamente ao certo o que me fez te amar assim, mas acho que teu amor que me fez te amar e no final, acho que é isso que importa não é? mas enfim, eu só to te dizendo isso porque quero te pedir uma coisa, Você quer namorar comigo?- disse tão rápido, será que ele entendeu? A julgar pela cara de pasmo com feliz ele tinha entendido sim.

- Isso é sério? quer dizer, não era eu que tinha que fazer isso?- ele riu.
- Dá pra responder logo? cara como você enrola!- reclamei sorrindo.
- Nunca quis nada tanto quanto quero ser seu namorado.- Senti um alívio tremendo.

 Cinco semanas foi o suficiente pra esfriar tudo, seis pra chegar ao fim.
Como ele pode fazer isso comigo? depois de tudo que disse a mim, depois de ficar tentando por 2 anos, COMO ELE FEZ ISSO COMIGO?
Eu entreguei meu coração, minha alma e ele simplesmente jogou um balde de água fria em mim. Realmente descobri o que era dor e só o que me restou foi entrar em depressão muda. Poucos sabiam das minhas condições naquele momento, fazia questão de me mostrar forte então, três dias depois, suas atualizações na página on-line me disseram tudo.
 Lá estava ele exibindo sua nova e linda namorada enquanto eu chorava pelos cantos desejando nunca ter feito nada daquilo.
 Três meses depois, eu não falava mais com ele e tinha decidido que nunca mais ia amar alguém em minha vida e tinha dado certo. Voltei a minha vida normal de namoros relâmpagos e saideiras sem hora pra voltar. Estava tudo maravilhoso e eu estava bem. Até que ele decidiu tentar voltar pra minha vida. Mau sabia ele que desculpas não seriam o suficiente e que os danos que ele havia causado em mim eram irreparáveis.
 Só desejo que alguém o faça feliz como nunca tive a oportunidade de fazer, e que seja bem longe de mim pois não quero nem mais ser um ser passivo em sua vida. Não faço mais  parte dela e nem quero que ele note que fui embora, dessa vez pra sempre.


(Texto que conta a triste história de como fiquei em depressão pela primeira vez. Digamos que 90% foi verdadeira eu mudei certas partes. O cara esta muito mais gentil da maneira que descrevi.)



 

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